Distâncias
O início das férias era sempre uma excitação. Primeiro porque acabava a escola, mas principalmente pela viagem que se avizinhava.
Saída de Mértola na camioneta das quatro a caminho de Vila Real. Lugar marcado num dos bancos da frente por causa dos enjoos. Essa primeira fase da aventura permitia uma condução imaginada, incluía uma paragem prolongada nas Quatro Estradas enquanto a camioneta ia a Alcoutim buscar e levar passageiros. Chegada a Vila Real, apanhar o comboio ronceiro até à Conceição de Tavira para passar a noite em casa do avô
Cumprida a visita familiar, no outro dia comboio ronceiro outra vez, olhar atento á paisagem que fugia ora num lado do comboio ora no outro, dividido pela curiosidade ou controlado pelo cobrador, farda de policia, olhar atento e alicate na mão para furar vária vezes um bilhete que eu guardava no bolso da calças com pavor de o perder. Tavira, Luz, Fuzeta, Olhão, Faro, Boliqueime nomes de referência que marcavam o ritmo da viagem com paragem em todas as estações e apeadeiros. Até Tunes onde o meu pai ou a minha mãe me esperavam para a última etapa da aventura. De carroça ou de charrete, até casa para cumprir o que faltava dos pouco mais de cem quilómetros de distância entre a partida e um destino distante de dois dias de viagem.
Depois, umas férias dignas de um rei, guardar vacas, banhos no tanque, apanhar laranjas, andar de bicicleta e ler até altas horas à luz do candeeiro a petróleo, liberdade.... Uma aventura diferente todos os dias à espera da outra aventura maior mas já menos apetecida, a viagem de volta e o regresso à escola.
Três vezes por ano, Natal, Páscoa e férias grandes, seis grandes viagens anuais marcavam a minha vida e faziam de mim o mais viajado de todos, apesar de Beja ser tão distante que só lá fui pela primeira vez aos doze anos para fazer o exame do 2º ano.
Saída de Mértola na camioneta das quatro a caminho de Vila Real. Lugar marcado num dos bancos da frente por causa dos enjoos. Essa primeira fase da aventura permitia uma condução imaginada, incluía uma paragem prolongada nas Quatro Estradas enquanto a camioneta ia a Alcoutim buscar e levar passageiros. Chegada a Vila Real, apanhar o comboio ronceiro até à Conceição de Tavira para passar a noite em casa do avô
Cumprida a visita familiar, no outro dia comboio ronceiro outra vez, olhar atento á paisagem que fugia ora num lado do comboio ora no outro, dividido pela curiosidade ou controlado pelo cobrador, farda de policia, olhar atento e alicate na mão para furar vária vezes um bilhete que eu guardava no bolso da calças com pavor de o perder. Tavira, Luz, Fuzeta, Olhão, Faro, Boliqueime nomes de referência que marcavam o ritmo da viagem com paragem em todas as estações e apeadeiros. Até Tunes onde o meu pai ou a minha mãe me esperavam para a última etapa da aventura. De carroça ou de charrete, até casa para cumprir o que faltava dos pouco mais de cem quilómetros de distância entre a partida e um destino distante de dois dias de viagem.
Depois, umas férias dignas de um rei, guardar vacas, banhos no tanque, apanhar laranjas, andar de bicicleta e ler até altas horas à luz do candeeiro a petróleo, liberdade.... Uma aventura diferente todos os dias à espera da outra aventura maior mas já menos apetecida, a viagem de volta e o regresso à escola.
Três vezes por ano, Natal, Páscoa e férias grandes, seis grandes viagens anuais marcavam a minha vida e faziam de mim o mais viajado de todos, apesar de Beja ser tão distante que só lá fui pela primeira vez aos doze anos para fazer o exame do 2º ano.